
Ecos do passado
Certa vez, numa visita ao sítio de meu avô, eu quis sair durante a noite para, curtir o vento frio e os campos abertos. Tinha 13 anos e nunca fui do tipo que dava muito ouvidos ao que os outros diziam, principalmente quando era um: “É muito escuro e perigoso lá fora menino, já passa das onze, você vai dormir.” Essas foram as palavras de minha mãe, quando eu esbocei o desejo de sair, depois que tinha acabado de comer.
Todos estavam reunidos em volta da mesa, jogando conversa fora, após um delicioso jantar que minha avó havia preparado.
Meu avô, Percebendo meu desapontamento, pela bronca que eu tinha tomado da minha mãe, (Depois perceberia que provavelmente ela estava certa) se prontificou a me acompanhar num passeio ao luar, que clareava as copas das arvores e o descampado, como se fosse um farol que Deus acende todas as noites, ara guiar as almas perdidas que andam por ai se lamentando pelos seus erros passados.
Eu mais do que depressa, pulei da cadeira e olhei pra minha mãe, como se a minha vida fosse acabar ali, na mesa, se ela não permitisse a voltinha, e com um suspiro, permitiu, desde que não saísse de perto de meu avô um segundo sequer. Concordei, e saímos para o campo
Andamos alguns metros atravessando o pasto, conversando sobre os tempos em que, naquelas terras, se invocavam as mais obscuras formas de desejos, enfermidades, má índole e sujeira, que eu, na minha cabeça, nem poderia imaginar.
Depois de alguns minutos de caminhada, chegamos á entrada de um bosque. O Vento frio cortava nossos rostos como milhões de facas afiadas e gélidas. Paramos na boca de um grande e negro corredor, cercado pelas árvores, que quando o vento passava veloz, circulando seus troncos, tão grossos, que nem 4 homens abarcavam, pareciam ecoar o som das lamúrias das imundices.
- Aqui meu filho. – Disse-me o velho- Este é o caminho para o campo onde as criaturas que ainda não se conformaram, executam as ordens de seus já apodrecidos senhores, na expectativa de agradá-los, e trazê-los de volta. Claro, que, diante da impossibilidade disso acontecer, esses monstros do limbo, da lama e da escuridão eterna, se consomem mais e mais em sua própria agonia, mutilando a si mesmos e aos outros companheiros, que sofrem juntos, em coro. O som que você ouve ecoando entre as arvores, é sim o som dos gemidos e dos choros dessas coisas, que se te virem,causarão tua loucura, e nunca mais te abandonarão.
As palavras daquele homem ribombaram dentro do meu crânio, e me causaram um calafrio, tão forte que me arrancou lágrimas dos olhos. Fiquei mudo, ali parado ao lado do velho olhando pra ele, que logo me acordou do transe:
- Que foi garoto, parece que o diabo te passou na frente dos olhos. Vamos andando que ainda tem uns metros.
Entrei com ele no caminho da mata, como se tivesse magicamente esquecido tudo que tinha acabado de ouvir.
-Garoto...-Disse-me ele- Estamos agora num território que não é de nosso direito, então tente demonstrar respeito. Reza umas ave Maria pra afastar os maus pensamentos, que aqui, tudo aquilo que você tem medo, pode te encontrar.-
Eu fiz o que ele mandou. Ele pousou a mão no meu ombro para me dar confiança, até que em pouco, havíamos chegado ao nosso destino. Uma fábrica de couros abandonada.
by: Zakk. the caretaker
Estou acreditando nessa historia!
ResponderExcluirMeu avô nunca diria uma coisa dessas!
hauhauah...
Bem massa o conto!
Parabéns!