Não posso deixar de compartilhar uma opinião sobre um tipo de som, que fala à minha alma. Estava ouvindo uma música desse grupo há alguns dias atrás e me encantei com "Era". Um trabalho com muito feeling e de grande criatividade além do que te faz ir pra uns lugares que voce nunca imaginou nem no seu sonho mais lúcido. Isso claro se voce tiver a sensibilidade pra sentir além de ouvir. É pra quem curte mesmo, pois é relativamente calmo. Acho que faz sucesso com parcelas bem distintas da sociedade, eu digo isso baseando-me apenas em meus proprios pensamentos, portanto, posso estar bem errado sobre isso. O que mais me chamou a atenção no projeto, é que as letras quando nao em ingles, (que diga-se de passagem sao minoria)sao cantadas em uma lingua inventada pelos seus idealizadores. O projeto tambem parece ter alguma ligaçao com o "Catarismo", que é uma facção do catolicismo que tomou um rumo independente demais pra que pudesse ser aceito pela propria religiao, que expulsou os cátaros da mesma, exilando-os das comunidades. É muito bom. Recomendo.
Não era pra ser assim, mas você provocou isso. Você me tirou do serio e eu não tive escolha. Não posso esconder que estava afim de fazer isso mesmo. A oportunidade surgiu, então...
Você não merece estar aqui, você é um câncer, só mais uma porcaria fazendo peso no planeta. Você é ignorante, vive a alienação imposta pela sua sociedade falha e burra. Fútil, inútil, imprestável. Você me dá nojo. Desperdício de carne sangue e ossos. Nem pra ração de porco você serve.
Você não merece estar aqui. Quando meu olhos pousam sobre você, tenho vontade de te espancar até te matar. Agora não tenho mais vontade. Na verdade a vontade foi assassinada a pancadas com uma estatueta de bronze frio. A vontade agora sangra no chão do banheiro, sem a vida pra desperdiçar. Comparando com bosta, você ainda fica alguns pontos atrás. Pelo menos merda serve de adubo. Você virou comida pra verme. Só espero que os vermes não tenham indigestão, ao se alimentar da sua carne podre, sem serventia, de classe baixa.
Livrei a terra de um peso inútil, um saco de vento. Espero deixá-la ainda mais leve no decorrer do meu caminho.
A fabrica, era na verdade um barracão de madeira bem comprido, que gemia e estalava quando sentia o vento frio empurrar suas paredes.
Pendiam do teto, um ao lado do outro, enormes ganchos já enferrujados e surrados pelo tempo, que eram usados para pendurar e secar o couro. Na minha cabeça, aqueles ganchos que batiam e tilintavam com o vento pareciam aqueles, que seguram enormes pedaços de carne dentro da câmara fria de algum frigorífico.
Algumas cadeiras de ferro por ali ainda serviam de assento pros fantasmas mais sofridos.
Tinha duas janelas apenas, na mesma direção, em lados opostos uma de frente para a outra. O clarão da lua entrava por ambas, e clareava apenas o chão de concreto abaixo delas, que colaborava para que o ar fosse grosso e muito frio. (achei no mínimo estranho um barracão de madeira ter um chão de concreto, mas nem dei muita atenção pra isso).Uma encarava a estrada de ondetínhamos vindo e a outra estava sempre contemplando o bosque, mais precisamente, podia-se enxergar muito bem uma clareira, quando olhando com olhos atentos. Foi ali, na base daquela janela, que posicionamos duas cadeiras, e nos sentamos um em cada canto da janela olhandopara aquela clareira.
-Olhe naquela direção garoto. Vocêagora vai entender o motivo pelo qual as pessoas têm medo do escuro.-
Eu estava sentindo uma mistura de medo e ansiedade, meus sentidos estavam aguçados, e minha mente fabricava as mais grotescas cenas, induzida pelo barulho do vento e o clima do ambiente. Olhando fixamente naquela direção, começou a se formar uma sombra, vinda de dentro do bosque pro centro daquela clareira.
Quando a luz da lua iluminou sua silhueta, meus olhos contemplaram com um pavor obscuro, aquela criatura toda torta, tentando arduamente se equilibrar em cima de duas pernas magras ressequidas. Nunca, nem no meu pior pesadelo, eu tinha visto uma coisa daquelas. Era um monstro, que tinha mais ou menos a altura de uma criança de 10 anos, possuía cabeça, braços e pernas, como de um ser humano. Olhos grandes e brilhantes, o corpo era todo retorcido, andava cambaleando parecia que seus membros estavam todos quebrados, se movia com dificuldade, e estava sem nenhum tipo de vestimenta. Tinha uma boca que começava abaixo do nariz como é de se esperar, mas não possuía a parte de baixo do maxilar, apenas o céu da boca, alguns dentes e a garganta dilacerada.
A criatura andava por alguns segundos, e logo caia violentamente, se debatendo e se machucando numa tentativa frenética de levantar, uma vez que seus braços e pernas, não exerciam sua função como deveriam, em virtude do corpo todo repuxado e deformado. Agoniava-me o espírito, ver aquela abominação se contorcendo, batendo sua cabeça violentamente no chão, uma vez seguida da outra como se quisesse se matar, pintando o chão de vermelho com o sangue que e esguichava de cada pancada. Quando conseguia se levantar mostrando seu corpo manifestado e invocado pelo ódio, soltava guinchos e urros de dor, que eram levados pelo vento e podiam serouvidos a quilômetros de distancia. Esses urros penetravam numa parte da minha alma que eu não sabia que existia e me provocavam um frio que me gelava os ossos.
O velho olhava para o monstro e rezava aves Maria sussurradas, para que ele fosse embora sem olhar na nossa direção e não colocar-nos um mal agouro com seus olhos brilhantes e vazios. A criatura sangrou e sofreu por ali por mais alguns minutos que pra mim pareceram horas, o que já estava se tornando uma constante naquela noite.
-Isso foi só o começo menino. Daqui pra frente a imagem que você faz do demônio, vai ser a mais bela das obras comparada as formas das bestas que você ainda está por ver nessa noite.-
Assim que ele terminou a frase, uma nova atração tomou forma naquele palco das perversidades. E Deus sabe, que eu nao estava nem um pouco preparado para o espetáculo imundo, perverso e perturbador que ali havia acabado de começar, e duraria ainda por varias horas naquela madrugada.
Certa vez, numa visita ao sítio de meu avô, eu quis sair durante a noite para, curtir o vento frio e os campos abertos. Tinha 13 anos e nunca fui do tipo que dava muito ouvidos ao que os outros diziam, principalmente quando era um: “É muito escuro e perigoso lá fora menino, já passa das onze, você vai dormir.” Essas foram as palavras de minha mãe, quando eu esbocei o desejo de sair, depois que tinha acabado de comer. Todos estavam reunidos em volta da mesa, jogando conversa fora, após um delicioso jantar que minha avó havia preparado. Meu avô, Percebendo meu desapontamento, pela bronca que eu tinha tomado da minha mãe, (Depois perceberia que provavelmente ela estava certa) se prontificou a me acompanhar num passeio ao luar, que clareava as copas das arvores e o descampado, como se fosse um farol que Deus acende todas as noites, ara guiar as almas perdidas que andam por ai se lamentando pelos seus erros passados. Eu mais do que depressa, pulei da cadeira e olhei pra minha mãe, como se a minha vida fosse acabar ali, na mesa, se ela não permitisse a voltinha, e com um suspiro, permitiu, desde que não saísse de perto de meu avô um segundo sequer. Concordei, e saímos para o campo Andamos alguns metros atravessando o pasto, conversando sobre os tempos em que, naquelas terras, se invocavam as mais obscuras formas de desejos, enfermidades, má índole e sujeira, que eu, na minha cabeça, nem poderia imaginar. Depois de alguns minutos de caminhada, chegamos á entrada de um bosque. O Vento frio cortava nossos rostos como milhões de facas afiadas e gélidas. Paramos na boca de um grande e negro corredor, cercado pelas árvores, que quando o vento passava veloz, circulando seus troncos, tão grossos, que nem 4 homens abarcavam, pareciam ecoar o som das lamúrias das imundices. - Aqui meu filho. – Disse-me o velho- Este é o caminho para o campo onde as criaturas que ainda não se conformaram, executam as ordens de seus já apodrecidos senhores, na expectativa de agradá-los, e trazê-los de volta. Claro, que, diante da impossibilidade disso acontecer, esses monstros do limbo, da lama e da escuridão eterna, se consomem mais e mais em sua própria agonia, mutilando a si mesmos e aos outros companheiros, que sofrem juntos, em coro. O som que você ouve ecoando entre as arvores, é sim o som dos gemidos e dos choros dessas coisas, que se te virem,causarão tua loucura, e nunca mais te abandonarão. As palavras daquele homem ribombaram dentro do meu crânio, e me causaram um calafrio, tão forte que me arrancou lágrimas dos olhos. Fiquei mudo, ali parado ao lado do velho olhando pra ele, que logo me acordou do transe: - Que foi garoto, parece que o diabo te passou na frente dos olhos. Vamos andando que ainda tem uns metros. Entrei com ele no caminho da mata, como se tivesse magicamente esquecido tudo que tinha acabado de ouvir. -Garoto...-Disse-me ele- Estamos agora num território que não é de nosso direito, então tente demonstrar respeito. Reza umas ave Maria pra afastar os maus pensamentos, que aqui, tudo aquilo que você tem medo, pode te encontrar.- Eu fiz o que ele mandou. Ele pousou a mão no meu ombro para me dar confiança, até que em pouco, havíamos chegado ao nosso destino. Uma fábrica de couros abandonada.
by: Zakk. the caretaker
Saudações amantes da noite fria de vento uivante, palco das mais bizarras atuações do planeta.
Olhos incrédulos e alheios ao chamado da escuridão que inunda os céus após o sol, jamais contemplarão a gama de imundices que vagam por aí, em busca de uma satisfação já não mais presente neste mundo vivo. Pena desses ignorantes, que terão em seus espíritos o peso da indignação de não aceitar a própria tragédia. Esses, que juntar-se-ão as criaturas da sujeira que ansiosamente aguardam ouvir o som do estalar do chicote de seus mestres, á muito tempo já transformados em ração para os vermes das tumbas.